terça-feira, 10 de julho de 2012

Um momento especial

O telefone tocou. Mas eu não ouvi. Não soube da notícia na hora exata. Mas até agora não consigo disfarçar o sorriso no rosto. O coração cheio de alegria.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Urgindo urgência

Nada em mim é urgente.
Exceto a vontade de te ver.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Desculpa...

Daqui do quarto em que habito, busco mil maneiras de chegar a você. Recuperar o momento em que não pude dar o que você esperou. Não tenho como voltar. Não consigo atrasar o relógio. Ele já correu demais. Mas busco ainda letras conjugadas para dizer que apesar do atraso, estou aqui. E, que se me equivoco no tempo, não erro no sentir. Está aqui. E a chaleira que tenho em mãos tem águas sempre prontas para irem para o fogão... Esquentar. Ao ouvir o som do apito, meus olhos estão atentos. E iria até onde fosse preciso, para te mostrar que eu compartilho desse seu brilho nos olhos. Que o seu sorriso alimenta o meu. Sempre. Ainda que o que você veja sejam apenas lágrimas em meu rosto.

Por não escutar...

Ela veio correndo, com uma tremenda novidade.
Ele veio cabisbaixo, remoendo o dia vivido.
Ela feliz à beça.
Ele melancolicamente fechado em si mesmo.
Ela chegou com os braços abertos para um abraço.
Ele, cabeça baixa, não viu e se sentou.
Ela disfarçou o sorriso que tinha virado sem graça e sentou-se também.
Ele, sem dar a ela chance de falar, pôs-se a reclamar da vida.
Ela, querendo desesperadamente falar, não conseguiu interrompê-lo.
Ele seguiu declamando suas lamúrias.
Ela murchou.
Ele desabafou.
Ela levantou.
Ele nem percebeu.
Ela estava grávida dele.

De A a A

ARTE

Rabiscos de mim.
Isso é o que encontraste.
Trataste de juntar os pincéis.
Contornaste minhas ausências de azul.
Preencheste minhas carências de amarelo ovo.
Desfizeste minhas inseguranças em laranja espremida.

E meu coração, que a todo o momento cri que fosse vermelho,
Mostraste-me que ele era mais que isso, que ele era ruivo cor de fogo.

Definitivamente, entreguei-me à tua arte.
Aos teus desenhos sombrios.
Que revelam.
A mim.
A ti.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Tempestade

Lá fora, a chuva. Forte.
Reflete as lágrimas que não caem de me meu rosto.
Minhas tristezas são internas.
Guardo-as e carrego-as comigo.
Enquanto isso, vejo pela janela, lá fora, as inundações.
Celebram o meu afogamento.

domingo, 8 de novembro de 2009

Existência

Uma inquietante sensação de transbordamento. Sinto que sou menor do que aquilo que me habita. É como se todas as minhas próprias impressões me olhassem de fora, perpassando por mim. Como ter sob controle algo que não encontra limite em mim? Minhas sensações são longínquas. São, sobretudo, longitudinais. Começam em um ponto mais ou menos conhecido, mas, ao olhá-las, não vejo um fim. Prolongam-se infinitamente em um espaço que já nem é mais meu. Saem de meu corpo e tomam conta de um universo estranho, camuflado com algo que me é essencial, porque, na verdade, contêm algo que eu carrego internamente. Transmutação de esferas particulares e partilhadas. Entrelaçamento difuso. Ainda assim, tenho certeza que minha inquietude tem uma razão de ser que também está fora de mim, e fora desse algo mais de mim que também já está fora de mim. É uma divisão do que existe em mim e supramim. Porque também está no mundo buscando sua forma de existir.