segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E se sesse?

Muitas e muitas vezes volto àquela cadeira. Estou sentada a sua frente, imóvel. Esperando as palavras que sei que não quero ouvir. Inerte na iminência de viver o que não planejei para nós. Sentindo escorrer pela minha face toda a esperança de que eu tivesse entendido tudo errado. Esperando que o seu silêncio dissesse outra coisa. Ou que pelo menos suas palavras contradissessem o seu silêncio de dias.

Por todas as vezes que ali volto em pensamento, desejo ter a força que não tive quando de corpo presente ali estive.

Será tarde para perguntar?

Segura a minha mão?

Caminho, passos largos, com estas dúvidas. E quando vejo, já estou sentada novamente naquela cadeira.

Sobre vida.

Meus sapatos estão enlameados. Trazem as marcas do último caminho que trilhei. Um caminhar difícil, entre o prosseguir e o afundar. Cada passo, uma decisão. O andar dificultado por troncos, restos de animais, plantas e pela própria lama. A cabeça, buscando escapar de todos esses obstáculos, dava forças para o corpo seguir adiante. Ir ou desistir. Dúvida que dilacerou meu peito durante toda a travessia. E agora, ao chegar ao destino final, o alívio e o peso da sobrevivência.