quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Fronteiriça

Minha intensa busca por mim mesma. Entro pela minha própria fechadura, mas, dela, não saio, nem entro. Fico presa ali dentro. É como se eu morasse em meu próprio umbigo. Perdida em um labirinto construído de minhas próprias desentranhas. Porque nem às minhas entranhas eu chego. Estou como que na beirada do trampolim. Na iminência do salto. Mas não pulo. Apesar da disposição para me jogar lá dentro, temo nunca mais sair. Receio não saber como voltar. E, no entanto, já não sei voltar. Mas também não sei ir. Não sei zarpar. Fico na linha amarela ante ao meu próprio trem.

E assim: o silêncio.

Intrigante.
O silêncio.
A iminência da fala.
E, então, a não fala.
O momento em que se opta por não dizer.
Frações de segundo.
Resultando em nenhuma oralidade.
A linguagem e seus subterfúgios.
Recados não dados; porém, dados.
O prenúncio de uma mensagem aberta.
Escondida, embora evidenciada, na escolha por ele.
O silêncio.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Reco-reco

Reverbero.
Repercuto.
Reintegro.
Reapareço.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

RG

Naquela ficha eu tinha que inserir um dado que indicasse meu local de trabalho. Sem aquilo eu não poderia continuar o cadastro. Sem aquele campo eu não seria ninguém. Seria como se eu passasse pela rua, em meio a uma multidão de pessoas e ninguém me visse. Ninguém me considerasse. Ninguém me tratasse como um ser igual. Aliás, no caso específico eu seria o ninguém. E não os outros. Os outros teriam nomes, sobrenomes e profissão. Eu não. Eu seria um ninguém desabrigado de mundos, de histórias, de desejos, de sonhos. Quer dizer, de sonhos não. Teria um sonho obrigatório: o de um emprego. Não o de algo que me realizasse como ser que, afinal, não era. Mas que honrasse meu nome no trabalho. Em algum escritório, empresa, repartição, rua, no que fosse, mas que tivesse horas dedicadas a tarefas cotidianamente repetidas para eu conseguir o dinheiro que me garantisse o pão. Caso contrário, seria eternamente um troço qualquer a ser observado com a piedade alheia que nunca é tão piedosa assim quando não se remete a si própria. Mas no momento em questão, eu não tinha o que preencher naquele campo. Rasguei a folha, joguei-a no lixo, e caminhei pela rua. O estranho é que no meu caminho de volta ninguém esbarrou mesmo em mim.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sub-tilezas.

Os dias passam e eu já não me reconheço. Tenho um buraco no lugar onde um dia já fui eu. As escadas que subo parecem mais longas. Na verdade, elas parecem não ter fim. Arde em mim um desejo de buscar a mim mesma, de saber aonde devo ir para isso, mas minhas pernas andam a esmo. Não há direção possível. E todas as direções possíveis resistem. Minhas contradições me agridem e me libertam ao mesmo tempo. A minha culpa estrangula o meu desejo de voar. O meu cansaço transborda da minha falta de ilusões. E minhas pernas continuam desembestadas rumo ao nada. Visto máscaras que não me preenchem. Mas que, ao menos, me apresentam ao mundo. De resto, gosto do meu quarto. Gosto de minha reclusão. No entanto, chega uma hora em preciso sair. E para onde mesmo? Não sei de respostas. Quando as recebo, nunca as entendo. Gostaria de decifrar ao menos uma. Só para poder embaralhar ela mesma, novamente, dentro de mim. Para que ela se transformasse, depois, em mais uma pergunta não respondida. Queria encher minha mão de sonhos outra vez. Mesmo que eles sempre escorram dela, por entre cada um de meus dedos. Sigo outra vez as minhas incertezas.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

XXXXXXXX

- Xiii! Minha inspiração caiu!


- Ali, pega, pega, pega!!


- Xiii, sumiu...